Andreia Castro, Lic. em Ciências da Nutrição - discente Dra. Maria Ana Carvalho - Lic. em Ciências da Nutrição - docente Prof. Doutora Ana Rito - Lic. em Ciências da Nutrição - Coordenadora
A chegada do Outono é anunciada por uma ténue neblina e um aroma irresistível e inconfundível que emana dos tradicionais carrinhos com assadores de castanhas. Tendo representado a base da alimentação da população rural Portuguesa durante muito tempo, a castanha tem vindo a recuperar um lugar de destaque nos hábitos alimentares dos portugueses e tem ganho relevo na gastronomia urbana1. Na pré-história, as castanhas eram consumidas tal e qual como eram recolhidas da Natureza. Mais tarde apareceram os primeiros alimentos feitos à base de castanhas, como o pão de castanha e, com o passar dos tempos, as castanhas foram, gradualmente, sendo introduzidas na confecção de pratos salgados e doçaria, assim como em licores e aperitivos1. A castanha apresenta características nutricionais bastante interessantes: o seu valor energético é de cerca de 200 kcal por 100 g de alimento (um terço do valor calórico dos amendoins e da castanha de caju2), sendo constituída por 40% de hidratos de carbono complexos (amido), 3% de proteína e 2% de lípidos. Ao contrário das nozes, as castanhas contêm apenas um vestígio de gordura e, são também o único fruto oleaginoso que contém uma quantidade significativa de vitamina C (cerca de 50mg por 100g de alimento, o que representa, aproximadamente, 60% das necessidades diárias desta vitamina, para um adulto saudável)2,3,4. Por serem ricas em vitamina C, fortalecem o sistema imunitário, mantêm os ossos, a pele e as articulações saudáveis e têm uma função antioxidante contra os radicais livres que se formam nas nossas células diariamente5. Os hidratos de carbono presentes são, na sua maioria, complexos (amido) tendo a vantagem de ser de absorção lenta, permitindo assim uma saciedade mais duradoura. Trata-se, também de um fruto rico em sais minerais, vitaminas do complexo B, fibras1, cálcio, magnésio, fósforo e potássio6. Para além disto, as castanhas não contêm glúten, sendo portanto um alimento bem tolerado por pessoas com doença celíaca7. No entanto, apesar de ser um fruto com bastantes benefícios para a saúde é preciso ter alguns cuidados com o seu valor calórico, uma vez que, apenas 7 a 8 castanhas equivalem a 4 colheres de sopa de arroz cozido ou a um pão de trigo (1 carcaça). Assim, e dada a sua riqueza em hidratos de carbono, as castanhas devem ser consumidas como acompanhamento da refeição, em substituição do arroz, da massa, das batatas ou das leguminosas, ou como complemento destes, e não como substituto da fruta, como tradicionalmente se faz3. Posto isto, aproveite os benefícios deste fruto de Outono e delicie-se com o seu sabor com moderação. Bom São Martinho!
Referências 1. Silva AP et al. Castanha – Um fruto Saudável. Vila Real: Minfo Gráfica, 2007. 2. University of Missouri Center for Agroforestry. Why Chestnuts?. NUTrition and Your Health. [acesso a 26 de Outubro de 2010]. Disponível em: https://www.centerforagroforestry.org/pubs/whychestnuts.pdf 3. Porto A, Oliveira L. Tabela da Composição de Alimentos. 1ª Ed. Lisboa: Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge, 2007. 4. National Academies of Sciences. Dietary Reference Intakes for Vitamin C, Vitamin E, Selenium, and Carotenoids. Washington: National Academies Press, 2000. [acesso a 1 de Novembro de 2010]. Disponível em: https://www.ksre.ksu.edu/humannutrition/vitamin%20DRIs.pdf 5. Holford P. A Bíblia da Alimentação. 2ª Ed. Lisboa: Ed Presença, 2004. 6. Ertürk U, Mert C, Soylu A. Chemical Composition of Fruits of Some Important Chestnut Cultivars. Brazilian Archives of Biology and Technology 2006; 49(2):183-188. 7. Conedera M et al. Récolte, traitement et conservation des châtaignes. Notice pour le praticien 2004; 38. [acesso a 26 de Outubro de 2010]. Disponível em: https://www.wsl.ch/dienstleistungen/publikationen/pdf/6315.pdf